Nascer com deficiência física em um país onde pouco mais de 0,45% dessas pessoas consegue freqüentar um curso superior é uma triste realidade para 45,6 milhões de brasileiros. E essa também era a situação do estudante Matheus Fortunato Bonifácio, 21, aluno do 4º semestre de Biomedicina das Faculdades Integradas Maria Imaculada.
Em virtude da boa acolhida, e o apoio fundamental da direção da faculdade, professores e colegas de classe, Matheus não só vem se destacando como estudante, como também arrumou seu primeiro estágio em um laboratório de análises clínicas.
Matheus nasceu com mielomeningocele, uma doença que afeta os movimentos dos membros inferiores e que o deixou paraplégico. Ainda criança e preso a uma cadeira de rodas, ele não entendia o porquê da sua condição. Porém, mesmo com todas essas dificuldades, o estudante foi à luta. Estudou muito até chegar à faculdade.
No início, admite, achava que não iria conseguir. O medo de fracassar como universitário e de não conseguir trabalho eram fantasmas que sempre o perseguiam.Hoje, sente-se feliz e realizado no curso que escolheu e diz que uma de suas maiores alegrias na vida é estar na sala de aula de biomedicina, todas as noites.
Juliana Inocentini, colega de sala, vê Matheus como um exemplo de dedicação. “O Matheus está sempre de bem com a vida, sempre feliz, ele não vê limitações, ele não tem obstáculos em sua mente, ele acredita e faz acontecer”, completa Juliana.
A coordenadora do curso de Biomedicina Profa. Dra. Nádia Regina Borim Zuim afirma que Matheus é um aluno comprometido, aplicado e demonstra que no seu dia a dia, todos os obstáculos que possivelmente estão no seu caminho se tornam invisíveis mediante a sua força de vontade. Acrescenta também que ele conta com ajuda e apoio de todos na instituição.
“As Faculdades Maria Imaculada não rotula e nem separa os alunos, não fica somente nas palavras, nos discursos, nas leis e decretos, mas transforma em ações que buscam aceitar, respeitar e valorizar o educando, com suas diferenças e diversidades”, completa Nádia.
Nesta perspectiva é preciso determinar que esse processo inclusivo de entrar na faculdade não deve ser entendido como um desafio, ou um conjunto de regras que de alguma maneira torne um aluno diferente do outro. Abrigar todos os alunos, independente das suas diferenças, garantir uma educação igualitária, seja cadeirante ou não é direito de todos e a Faculdade propicia este acolhimento.
Neste mês Matheus iniciou seu estágio no Labvitta, um laboratório de análises clínicas, cujo responsável técnico e sócio-proprietário é o Prof. Marcelo Brunelli, Biomédico há 23 anos e professor de estágio em Biomedicina das Faculdades Imaculada.
“A deficiência do estagiário não irá atrapalhar suas funções e nem seu profissionalismo dentro do laboratório de análises”, garante Marcelo. E observa que dá outra perspectiva de vida ao deficiente, melhorando sua autoestima o que, geralmente, resulta em um colaborador dedicado, assíduo e interessado, que se sentirá ativo e pertencente a um grupo social. No caso de Matheus, o professor diz que vai ajudá-lo não somente com a parte técnica, mas também na inclusão social. E destaca ainda que a contratação de Matheus também é uma forma de humanizar a empresa e o ambiente de trabalho.
Por último, manda um recado aos empresários, afirmando que devem contratar pessoas portadoras de necessidades especiais, não em razão de uma cota obrigatória, mas, sim, como forma de integração e humanização das empresas.
As vitórias de Matheus, além de servir como estímulo a outros portadores de deficiência física, também são exemplos para a campanha do “Setembro Verde”, mês oficial da luta pela inclusão social. Vale ressaltar que menos de 1% dos 45,6 milhões de portadores de necessidades especiais no Brasil consegue uma vaga no mercado de trabalho.
A Faculdade, sempre se destacou por sua política inclusiva. Seu centro de Mogi Guaçu, por exemplo, é destaque no que tange à acessibilidade para receber qualquer tipo de deficiente. É por isso que Matheus se sente tão à vontade. E para finalizar essa matéria, ele manda um recado a todos os deficientes: “jamais desistam de seus sonhos”.
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